São Paulo, nosso estranho amor!



São Paulo, nosso estranho amor!

Madalena Carvalho

Nascer e viver em São Paulo é, aos olhos de muitos, uma grande loucura. Inexplicavelmente amamos o cinza desta cidade e a chuva teimosa que nos permite, todos os dias, buscar o arco-íris para as nossas vidas. Amamos a selva de pedra em que vivemos, e que ao mesmo tempo em que nos aprisiona, também garante oportunidades para um futuro melhor. Amamos a pressa que termina nos longos congestionamentos. Amamos os contrastes. 

Amamos o metrô lotado, o trânsito carregado, a buzina incessante dos motoqueiros, amamos a 25 de março, o Ibirapuera, o Mercadão, a Liberdade, a Vila Madalena, o Bexiga...Amamos as obras de Niemeyer que são tão claras até mesmo aos olhos dos menos atentos. Amamos...

Com os seus erros e acertos, simplesmente amamos a cidade de São Paulo. Assustadora para alguns, misteriosa para outros. Cidade acolhedora! Acolhe todo o Brasil sem perguntar os porquês. Acolhe o mundo! É nesta mistura de raças e sotoques, que nos envolvemos, que aprendemos e ensinamos, que empregamos e somos empregados, que vivemos e onde alguns morrem de saudade.

Amamos, inclusive, as piadas que fazem a nós, só porque comemos "dois pastel" e paramos os nossos carros "no farol". "É meu", a gente adora uma bolacha recheada ou de polvilho, curtimos a "night" e vestimos "shorts". Sim, shorts no plural! Andamos pelas travessas, enchemos nossa casa de bexiga na festa dos nossos filhos. Aqui a gente tem carta de motorista. E amamos brincar de amigo secreto. Ah, e na cidade de São Paulo, não puxamos o "r".

A grande metrópole, aos 459 anos, ainda é desconhecida. Se faz conhecer para aqueles que se entregam na imensidão que ela é e se esconde nas vielas das mentes, dos sonhos daqueles que não tiveram a coragem de arriscar sua vida aqui.

Mas é esta loucura e tantos outros motivos que fazem com que os nossos olhos brilhem todas as vezes que nela retornamos, ou que com ela nos defrontamos pela primeira vez. Aqui podemos viver a liberdade de uma forma mais explícita, onde cada um pode viver no seu próprio mundo dentro de um mundo.  É estranho para alguns este amor, mas se o amor é um sentimento que nem os poetas conseguem definí-lo, como iremos explicar este estranho amor?

Terra da garoa, te amamos!




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