Permissões

Em alguns momentos da nossa vida reclamamos de determinadas situações imputando a outras pessoas uma suposta culpa por fatos e acontecimentos que estamos vivenciando. Neste momento, em geral, vem a sensação de raiva, de destravar a língua impensadamente, muitas vezes falando coisas ofensivas, ou seja, passamos a ter uma série de sentimentos ruins e prejudiciais única e exclusivamente a nós mesmos. E na maioria das vezes não paramos para refletir os porquês. 

Então, cabe uma pergunta e, porque não dizer, uma análise mais profunda: Será que estes sentimentos não são frutos das nossas permissões? 

Nada acontece em nossa vida sem que permitamos. Se nossos filhos não nos respeitam, por exemplo, em algum momento perdemos a rédea da situação. Se dizemos que as pessoas não nos respeitam, certamente permitimos que isso tenha acontecido, seja quando omitimos ou não expressamos nossa opinião; seja todas as vezes que não agimos com assertividade, ou, quem sabe, todas as vezes que nossa doação ao outro representa em nosso coração muito mais um apelo à recompensa do que propriamente a oblação verdadeira. 

Que possamos analisar com frieza nossos comportamentos permissivos, se o fazemos conscientemente e, portanto, assumimos o ônus deles, ou se nos colocamos em uma posição vitimista para termos do que lamentarmos depois. Cabe sempre analisarmos o quanto nossas permissividades são salutares ou não. É claro que algumas permissões conscientes (ou não) nos trarão uma boa sensação. Permitirmo-nos, por exemplo, a mudar comportamentos velhos e empoeirados que se encontram nas estranhas da alma, pode nos trazer um benefício ímpar. 

Por outro lado, o excesso de permissividade, pode nos trazer consequências indesejadas. Estas permissões acontecem porque queremos exercer o papel politicamente correto. Usando o exemplo dos filhos, em nome de uma educação moderna e para não repetir o erro de nossos pais, permitimos e damos liberdade demasiada até o ponto que não conseguimos mais reverter a situação. Para sermos vistos como pessoas do bem, centradas e ponderadas, evitamos os conflitos, calamos nossas vozes, recuamos e relevamos, também, em demasia e, sem que possamos perceber, vamos alimentando um monstro interno, pronto para escapar da jaula a qualquer momento e fazer estragos inimagináveis. As permissões nos servem como aprendizado. 

As permissões são escolhas que fazemos. Se escolhemos andar por um caminho, aparentemente, mais fácil, porém calçado de consentimentos diários e irrefletidos, devemos assumir as consequências futuras. Não devemos esquecer que todas elas levam a um resultado, seja este favorável ou não; cabe a nós fazer as seleções corretas e entender que os limites somos nós que impomos e não o outro.

Comentários

Bom seria se as pessoas hoje em dia, se permitissem ao amor, ao respeito, ao sorriso em demasia! Talvez, permitindo tudo isso em sua vida, muitas outras "regras" seriam quebradas!

Postagens mais visitadas deste blog

DIA DO TRABALHADOR - GUERREIROS NÃO MENINOS

Geração Y, Geração V e os desafios organizacionais